É extremamente comum ouvirmos essa frase:
“_____ é a minha terapia!”
Nesse espaço em branco, podemos incluir várias coisas: conversas em mesa de bar com amigos, comer, atividades físicas, uso de álcool, cozinhar, ler um livro, desabafar com familiares, pintura, e por aí vai.
É claro que algumas dessas atividades podem sim ser atividades terapêuticas, ou seja, atividades que nos desestressam, são relaxantes, nos dão prazer e nos ajudam a focar no momento presente, sem prestar atenção em mais nada.
Inclusive, é extremamente importante que a gente inclua atividades que nos façam bem no dia a dia, coisas que nós escolhemos fazer por prazer, não simplesmente por obrigação – já que uma grande parte das nossas tarefas diárias são tidas como obrigatórias e/ou têm uma consequência negativa caso não sejam cumpridas.
A associação dessas atividades com terapia em algum grau pode fazer sentido: é um horário semanal em que você pode desabafar, sair um pouco da rotina, é uma conversa, e nos deixa presente atentos ao momento presente, já que seria só você e o psicólogo juntos naquele momento.
Entretanto, a psicologia é uma ciência, é o estudo científico do comportamento. O que isso quer dizer, então? Quer dizer que apesar de nos fazer sentir bem em alguns momentos, ela nos ajuda a entender o que fazemos (quais os nossos comportamentos), o motivo pelo qual fazemos o que fazemos, e quais comportamentos queremos de acordo com os nossos valores e propósitos.
Escolher conscientemente realizar atividades prazerosas para que nós tenhamos uma melhor qualidade de vida é um comportamento, inclusive. Mas, da mesma forma que podem ser atividades que ajudam nos regular, elas podem servir como fuga da realidade.
As atividades isoladamente não nos ajudam a entender nossos comportamentos, não nos ajudam diretamente a resolver nossos problemas, muito menos conseguem abafar nossos sentimentos e pensamentos, que muitas vezes parecem tão altos dentro da gente.
Por isso, nenhuma invade o espaço da outra: as atividades prazerosas assumem uma função, e a psicoterapia assume outra em nossas vidas. As duas podem e devem coexistir para uma vida significativa!